terça-feira, 21 de maio de 2013

I Mostra Teatro, Escola e Diversidade, do Sesc Paraíba

O espetáculo “Fragmentos de um Sol Quente”, do Núcleo de Artes Cênicas da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, no Altiplano, foi selecionado para participar da I Mostra Teatro, Escola e Diversidade, do Sesc Paraíba. A peça, que conta a história da fundação de João Pessoa, partindo do romance proibido de um casal de índios de tribos inimigas, vai ser apresentada na próxima quarta-feira (22), às 17h, no auditório do Lyceu Paraibano. A entrada é aberta ao público, e o foco é atingir os estudantes de escolas públicas pela ‘veia teatral’, também com oficinas e debates após as apresentações.
A mostra vai ser realizada de 21 a 23 de maio e também tem caráter competitivo. Todos os nove espetáculos da programação serão avaliados por um júri artístico, que premiará os três primeiros colocados com R$ 1 mil.“O meu intuito ao planejar a mostra era garimpar talentos das artes cênicas, não só nas escolas, mas nos templos religiosos e Ongs de João Pessoa”, diz o coordenador de Cultura do Sesc-PB, Chico Noronha.

“Fragmentos de um Sol Quente” – Baseado no famoso painel “No Reinado do Sol” (2008), de Flávio Tavares, o espetáculo é escrito e dirigido por Flávio Melo. Ele resulta do núcleo de teatro pelo qual 22 atores passaram. “Fragmentos de um Sol Quente” também bebe da influência do texto “Manaíra e Tambaú, uma história de amor”, assinado por Antônio dos Santos, Chuá e conta a história da fundação de João Pessoa a partir do amor conturbado da potiguara Manaíra e do tabajara Tambaú.
Daí em diante, uma sequência dos principais episódios da história paraibana é encenada, como o Massacre de Tracunhaém (que gerou a divisão da capitania de Itamaracá), a independência da colônia, a expulsão dos holandeses e todo o itinerário que nos leva do passado (a esquerda do quadro) para os tempos mais atuais (à direita, onde se situa a cidade crescida arquitetonicamente, dos casarões às festas de rua).
“A minha ideia não era fazer uma adaptação fiel da narrativa do painel, e sim desenvolver uma liberdade poética em cima dessas duas referências, a pictórica e a literária”, diz Flávio, professor de teatro. Por isso ele justifica haver quebras na linearidade cronológica, bem como na escolha de apenas algumas personagens presentes na pintura para representar, como Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo, Ariano Suassuna e Manuel Caixa D’Água. “Os atores entram e saem de cena como uma tela em branco que de repente vai ganhando vida”, explica.
Elementos externos ao quadro também compõem a “liberdade criativa” reivindicada pelo diretor. “Há fatos da história política e indígena do Nordeste dos coronéis, festas populares, folclore, o artesanato brasileiro, a literatura de cordel, as artes plásticas e a antropofagia da Semana de Arte Moderna de 1922”, cita.
O próprio Flávio Tavares está representado de duas formas: na de pintor, preocupado porque esvaziado de ideias (Fagner Ribeiro), e na de inconsciente materializado de menino (Rodrigo Batista), cheio de inspiração e criatividade. Os dois, em sua completude, formam a genialidade que culmina na criação de “No Reinado do Sol”. “Tem sido uma experiência enriquecedora e, ao mesmo tempo, um desafio participar deste espetáculo por se tratar de uma obra tão complexa que, além de fazer um relato histórico-geográfico atemporal, apresenta personagens que marcaram a mente de muitos pessoenses”, declara Fagner, o protagonista.
Flávio Melo – Formado em Educação Artística pela Faculdade Marcelo Tupynambá (SP), dirigiu os espetáculos “Valsa n° 6” (1991), “Ratos de Esgotos” (1992), “Prêt-à-Porter” (1998), “No Amanhecer da Noite” (2003), e em “As Meninas” (2009). Atuou em “Cinco Bulas sem Contraindicação” (1993), “Pequenos Burgueses” (1996), “Gol Anulado” (1997), “Prêt-à-Porter” (1998), “Fragmentos Troianos” (1999), “Achados e Perdidos” (2000), “No Amanhecer da Noite” (2003), “A Fantástica Peregrinação do Coronel atrás de um Rabo de Saia” (2008), “Paixão do Menino Deus” (2009), “Os Sete Mares de Antônio” (2010) e “Divino Calvário” (2011).

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